sábado, 10 de novembro de 2018

Quero um companheiro, não um namorado

Eu quero um companheiro, não um namorado ou um marido. Não quero ter alguém como me pertencesse, como um objecto que se tem. Quando assim é, tens que o controlar para não te fugir ou para te roubarem (como se isso fosse mesmo possível).

No entanto, não tenho nada contra quem tem um relacionamento assim. A mulher tem o marido, o marido tem a mulher. O marido supostamente preenche as necessidades da mulher e a mulher as dele. Pertencem um ao outro e são fiéis um ao outro. Aturam o bom e o mau de cada um e é excelente num certo ponto de vista. Eu já tive uma relação assim.

Mas agora, neste momento, e para aquilo que tem prioridade na minha vida já não quero mais. Talvez não esteja preparada para a relação que idealizo (e nem sei se é possível tê-la) mas quero uma relação diferente.

Eu quero um companheiro. Um companheiro é alguém que te faz companhia. Quem te faz companhia não precisa e nem está lá para preencher as tuas necessidades. Tu é que as preenches. Só nós o podemos fazer por inteiro, porque só nós sabemos o que vai no nosso interior. As outras pessoas podem tentar mas não podem dar ou saber o que precisamos a cada momento.

As pessoas estão sempre a mudar e um dia olhamos para o nosso namorado ou marido e já não o reconhecemos e sofremos uma desilusão, logo aquela pessoa que esteve sempre ao nosso lado. Mas esta ideia é como pensar em colocar uma mala no guarda roupa durante vários anos e que ela vai continuar tal como estava quando era nova. Impossível, não é? Até para uma mala, quanto mais uma pessoa! Tudo isto vem de uma espécie de controlo que achamos que temos. “Tu és meu e fazes o que eu espero que faças (porque sempre o fizeste)”. Eu já não quero isso.

Eu quero alguém que fique apenas porque quer ficar. Quero alguém que não esteja certo e não me tenha como certa e que queira me conhecer todos os dias mais um pouco. Não quero ninguém que me preencha nenhuma necessidade.

Também não quero alguém só para sexo ou que quer usar os meus sentimentos para seu proveito. Não quero alguém que me venha salvar o meu coração ferido. São as feridas que o fazem crescer e ser mais forte. Não aceito quem me queira mudar ou critique a minha forma natural de ser ou vestir.

Estar comigo é ser surpreendido todos os dias. É estar um dia quentinho em casa a ver um filme e noutro estar a passear à chuva e a rir-se com isso. Estar comigo é ter espaço para ser quem é e ter espaço para si. É ter companhia só por companhia, sem nada a ganhar nem nada a perder.



Quero o mesmo que quero dar. Não sei se estou preparada, talvez não. Se houver uma relação assim ou se for possível, eu gostava de uma relação destas para mim. E tenho a certeza que não serei a única.



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